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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Semáforo



Era para ser simples.

Uma caixa retangular, com três círculos de luzes coloridas e o objetivo de facilitar o acesso de passagens em zonas de intersecção.

Quando a luz vermelha está acesa, o condutor de um veículo deve parar e esperar que a luz verde acenda e, somente com a luz verde acesa, prosseguir. Entre o apagar da luz verde e acender a luz vermelha, geralmente acende outra luz, uma amarela que significa atenção, prepare-se para parar seu veículo.

A esse instrumento dá-se o nome de semáforo, conhecido também por sinal, farol, sinaleiro.
É utilizado em praticamente no mundo todo, mas parece que em Porto Velho, pelo menos nesta época, é confundido com enfeite de Natal.

Conta-se nos dedos os veículos que seguem a risca à sinalização.
Recentemente, em cinco minutos de trajeto, passei por três cruzamentos cujos semáforos ou já estavam ou ficaram naquele momento no vermelho e, somente eu parei. Confesso que cheguei a pensar: Será que estou confundindo as cores? Fiquei daltônica? As motocicletas, bom essas nem contam, passavam em disparada e os veículos que vinham atrás de mim passavam direto.

Não, não estava acessa aquela setinha verde para que os condutores que seguirem em frente passem e aqueles que pretendem virar a esquina, parem. Os semáforos estavam totalmente vermelhos, mesmo.

É incrível, como as pessoas agem como se não existissem os sinaleiros. Mas o mais preocupante é que, se os motoristas portovelhenses (me perdoem os que conhecem, pois há exceções) mal conhecem o funcionamento normal de um semáforo, o que pensam dos semáforos instalados recentemente, na rotatória da Campos Sales com a BR 364? Aqueles sim devem ser luzes natalinas, pois ficam vermelho e verde ao mesmo tempo.

Ali há dois semáforos para quem vem da mesma direção. Um para quem vai seguir a rotatória e outro para quem vai seguir a Campos Sales. Quando um fica verde e outro vermelho, todos seguem indiferentes ao alerta e ao caminho a seguir.

Logo na sequência todos ficam vermelhos, os dois para quem vem da avenida Campos Sales e o terceiro para quem vem da BR 364, sentido Rio Branco/Porto Velho.

Provavelmente essa deve ser a vez do pedestre, apesar de não haver nenhuma faixa de pedestre na via, mas ao parar quando esses semáforos estão vermelhos fica-se mais confuso ainda, pois te olham feio, xingam e ainda te ultrapassam para cometer a infração.

Porto Velho está crescendo e com ele os problemas típicos de uma cidade grande. Mas com a gama de veículos que estão chegando por conta das usinas a coisa começa a ficar mais complicada.

Hoje, quando menos se espera, há um veículo do seu lado. Se as pessoas que por aqui transitam não começarem a respeitar as regras, os acidentes aumentarão muito. E olha que já não são poucos.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O QUE É NATAL?


É Natal.
Nas ruas, correria, trânsito, lojas cheias.
Em casa o dilema: A ceia será na casa de quem? Quem vai fazer a sobremesa?
No trabalho, um misto de “preciso terminar logo isto” com doces e salgadinhos das confraternizações.
Todo mundo com sorriso estampado no rosto... mas com os nervos a flor da pele, porque queria muito estar na rua fazendo compras, também.

Mas eu gosto do Natal.
Não pq as pessoas ficam tomadas pelo espírito do sentimentalismo, porque isso deveria acontecer, naturalmente, todos os dias.
Nem porque as pessoas trocam presentes... mas ganhar presente é muito bom.

Natal me lembra infância e infância é pura. (pelo menos é para ser).
Está certo. Há pessoas que não acreditam no Natal porque não acreditam no nascimento de Cristo, ou mesmo porque não acreditam em Deus. É um direito de cada um.
Mas o que é o Natal?

Os mais de 90% da população brasileira, que se intitulam cristãos, diriam que é Natal é o nascimento do Menino Jesus.
As crianças??? Para elas (as mais abastadas, porque as outras nem sabem o que é Natal) o que conta é Papai Noel. (Até o amiguinho mais cético lhe diga que Papai Noel não existe).

Muitos diriam que Natal é Amor ao próximo. (Mas só no Natal???)
Para outros é tempo de reunir a família e os amigos.
Tempo de perdoar, de rever seus conceitos,
De preparar-se para mais um ano,
De fazer planos,
Mas, acima de tudo,
De recomeçar a viver.
Porque na vida, sempre há um recomeço.
Feliz Natal!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Encontro reúne “twitteiros” em Porto Velho


Foto: Eliane

O 1.º Encontro de Twitteiros Culturais (ETC), realizado dia 17 de dezembro, no Teatro Banzeiros, reuniu pessoas de alto nível para um bate-papo informal sobre o Poder de Informação no Twitter.


Realizado, em Rondônia, por Bethânia Diniz e Daiana Souza, o evento aconteceu simultaneamente, em Rio Branco, no Acre, sob o comando de Andrea Zílio

Para debater o tema proposto foram convidados: o jornalista, escritor, editor e empresário-chefe do Site de Informações Rondoniaovivo, Marcos Souza e professor assistente do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Rondônia (Unir), mestre em Filosofia pela Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade do Estado de São Paulo (UNESP) -Campus Marília-SP, filósofo Vicente Marçal.

Para Marcos Souza o Twitter traz para o jornalista a possibilidade de se trabalhar em dois aspectos: o comercial, onde pode-se divulgar as noticias e o pessoal, onde o profissional pode expor suas idéias. “Estamos vivendo uma revolução”, disse o jornalista, lembrando que antes de tudo é preciso pensar nos receptores desse canal de informação.

Vicente Marçal levou a discussão para duas linhas de raciocínio: A construção coletiva do conhecimento, onde as pessoas adquirem rapidamente e de forma simultânea, conhecimento dos mais diversos segmentos, e o aspecto relacional, onde diferentemente do que pensam alguns, a internet não antissocializa as pessoas. Muito pelo contrário, aproxima mais e cria novos relacionamentos.

Um grande exemplo desse aspecto relacional está nesse mesmo grupo que, não satisfeitos em apenas trocar informações pela internet resolveram se conhecer pessoalmente no que eles chamam de "Twittercontro". Três já foram realizados em Porto Velho e, a cada um deles, o número de pessoas participantes aumentou.

Muitos, após se conhecerem nesse encontro, tornaram-se grandes amigos e normalmente são vistos juntos em atividades artísticas, literárias e culturais pela cidade.

O Twitter veio mesmo para revolucionar a internet, o meio de informação e as pessoas. Hoje, com o twitter, não há limites, mas deve haver respeito.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Rondônia conecta-se ao Acre para discutir Twitter

O 1.º Encontro de Twitteiros Culturais RO/AC (#ETC AC RO) acontece nesta quinta-feira dia 17, a partir das 19 horas, no teatro Banzeiros, em Porto Velho.

Realizado por Daiana Souza e Betânia Diniz o 1.º Encontro de Twitteiros vai reunir pessoas dos mais diversos pensamentos para discutir o tema “O Poder da informação no Twitter”.

O ETC é um encontro entre twitteiros que começou em São Paulo e Rio de Janeiro em outubro deste ano e se propagou para todas as capitais do país. É uma forma de encontrar pessoas para um bate-papo aberto e democrático sobre o Twitter e cultura. Uma

As responsáveis pela organização do ETC em Rondônia são Daiana de Souza e Bethânia Diniz. As duas tem se destacado na realização de diversas atividades, a exemplo das três versões do Twittercontros, realizados recentemente em Porto Velho.

O #ETC AC RO será realizado simultâneamente nas cidades de Porto Velho e Acre e deve reunir não somente pessoas que “tuitam” mas, também quem deseja conhecer esse fenômeno da internet.

Para quem não conhece, “tuitar” é o verbo mais conjulgado ultimamente. Vem do Twitter, uma ferramenta da internet, uma mídia social, um miniblog onde pessoas enviam mensagens, uma para as outras, em tempo real, em 140 caracteres.

Criado em 2006 por Jack Dorsey, Evan Williams e Christopher Isaac Stones, mais conhecido por Biz Stone, o Twitter surgiu com o objetivo de trocar mensagens entre amigos, respondendo a uma simples pergunta: O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AGORA?

Em pouco tempo de existência as pessoas foram percebendo que o twitter podia fazer muito mais do que apenas informar o que cada está fazendo. Tanto que hoje a frase mudou para: O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

O #ETC AC RO discutirá o tema "O Poder da Informação no Twitter". O debate é democrático, assim como o Twitter e toda a platéia poderá participar.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Liberdade de imprensa, por Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino (*)

Nenhum governo gosta da liberdade de imprensa. Afinal, a imprensa investiga fatos, sendo importante fator de contenção do avanço do poder estatal sobre nossas liberdades. Governos com viés autoritário toleram ainda menos esta liberdade de investigar e criticar.

Não por acaso, todas as ditaduras tentam controlar a imprensa, vista como inimigo prioritário em seus projetos de poder absoluto.

Na América Latina, a liberdade de imprensa está cada vez mais ameaçada. Cuba representa a situação extrema, onde a distopia “1984”, de George Orwell, tornou-se realidade. Somente o governo divulga as “notícias”, enquanto a blogueira Yoani Sánchez sofre um ataque brutal apenas por tentar relatar o cotidiano da ilha. A Venezuela de Chávez caminha a passos largos nessa direção. Na Argentina, o casal K vem desferindo duros golpes nos principais veículos de imprensa. E no Brasil, desde a tentativa fracassada de controle através do Conselho Nacional de Jornalismo, o governo não desistiu do sonho de amordaçar a imprensa.

Eis o contexto da Conferência Nacional de Comunicações (Confecom), que será realizada no próximo dia 14 em Brasília. Sob o manto da “democratização” da imprensa, o governo pretende estender seus tentáculos por todo o setor, asfixiando sua liberdade. A resolução estratégica lançada pelo PT para o evento pode ser resumida em uma única palavra: censura. Aquilo que o partido chama de “controle social” nada mais é do que os antigos conselhos comunistas. A palavra final fica com o governo, o novo censor disfarçado de
“fiscal” da transparência.

Eufemismos, no entanto, não podem ocultar a natureza da coisa.

Existem diversas formas de o governo tentar manipular a imprensa. A mais óbvia é através de suas polpudas verbas de propaganda, incluindo as estatais. Num país com enorme presença do governo na economia, este fator merece destaque. O cão não morde a mão que o alimenta.

Além disso, o governo decide sobre as concessões, mantendo as empresas como reféns. Essa tem sido a arma preferida do caudilho Chávez.

Por fim, num país com excesso de leis e burocracia, onde o custo da legalidade plena é praticamente proibitivo, o governo sempre pode ameaçar as empresas com o achaque dos fiscais. Cristina Kirchner usou essa tática contra o “Clarín”.

O arsenal de munições do governo é vasto. Até mesmo uma herança da ditadura Vargas sobrevive, a “Hora do Brasil”, que invade as rádios do país todo na hora do “rush”. Um canal “chapabranca” de televisão também foi criado, mas felizmente o público o ignora por completo. O custo acaba sendo “apenas” os impostos cobrados para sustentar a máquina de proselitismo.

Agora o governo tenta uma vez mais controlar a imprensa.

Em “Areopagítica”, publicado em 1644, John Milton defendia que cada um pudesse julgar por conta própria o que é bom ou ruim: “Todo homem maduro pode e deve exercer seu próprio critério.” Para ele, a censura “obstrui e retarda a importação da nossa mais rica mercadoria, a verdade”. Thomas Jefferson, influenciado por tais ideias, afirmou que escolheria uma imprensa sem governo no lugar de um governo sem imprensa, se tivesse que decidir.

Por outro lado, Trotsky e Lenin consideravam a imprensa uma arma perigosa, e desejavam proibir a circulação de jornais “burgueses”. A História mostrou os riscos dessa mentalidade.

Nós não precisamos do filtro do governo na imprensa. O que precisamos é de mais liberdade ainda. Se alguns grupos concentram muito poder por conta de seu tamanho, então a solução é mais competição, não mais governo.

(*) Rodrigo Constantino é economista. Artigo publicado em O Globo na edição do dia 08/12 e no site Comunique-se Portal da Comunicação (http://www.comunique-se.com.br/index.asp?p=Conteudo/NewsShow.asp&p2=idnot%3d54451%26Editoria%3d237%26Op2%3d1%26Op3%3d0%26pid%3d238612%26fnt%3dfntnl&rss=on)

Este é um artigo com a opinião do autor e não traduz o pensamento deste Blog.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Para Refletir: Os riscos da Conferência da Comunicação

Editorial de O Estado de S. Paulo (*)
Fonte:O Estado de S. Paulo

Como já salientamos, neste mesmo espaço, não há nada de errado com a convocação, pelo presidente da República, da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). A iniciativa foi oportuna, tanto pelo tema - a regulamentação dos meios de comunicação no Brasil - como pelo método. Conferências nesses moldes partem de pequenas reuniões municipais e culminam em encontros que congregam delegados eleitos em todas as regiões do País. Esse tipo de conferência não pode - nem deve - substituir as instituições da democracia representativa, mas serve para arejar a administração pública.

Há tempos, o Estado critica as distorções antidemocráticas geradas pela presença dos monopólios - mais de fato que de direito - e dos oligopólios na TV e na radiodifusão. Portanto, se a conferência preparar o caminho para que esses anacronismos sejam corrigidos, tanto melhor.

O cenário que vai se desenhando, porém, está longe de ser promissor. Conferências desse tipo trazem, no seu bojo, riscos nada desprezíveis. O mais evidente é o de que sejam capturadas pelos chamados "movimentos sociais" ou pelos "setores organizados da sociedade civil". Articulados em grupos de interesse bem ensaiados, esses "setores organizados" - frequentemente manipulados pelo governo - intimidam as participações individuais, isolam as minorias e transformam tudo num palanque para a repetição de meia dúzia de palavras de ordem. Quando enveredam por esse caminho, essas conferências redundam em espetáculos grosseiros ou patéticos - mas sempre inócuos.

Esse risco está presente na Confecom. Já despontam algumas "teses" mal costuradas, bem típicas, aliás, que vão do esquerdismo mais fora de moda ao fascismo mais grotesco. Em comum, essas teses conclamam o Estado a, aberta ou veladamente, decidir que notícias - ou programas - devem ou não devem ser veiculadas por uma emissora de rádio ou de TV - prática comum nos regimes totalitários, mas inadmissível no mundo democrático. Infelizmente existem militantes profissionais dos "movimentos sociais" que ainda não entenderam uma obviedade da civilização: nenhuma autoridade estatal recebe mandato ou delegação para ditar o que a sociedade vê, ouve, enuncia ou debate. E os que marcham contra a liberdade de imprensa, pedindo mais censura, violentam a cultura democrática.

Qualquer clamor autoritário é inadmissível quando se trata de regulamentar a comunicação social. Nessa matéria, tudo há que tender para maior liberdade. Mesmo quando se atacam os monopólios e os oligopólios, é disso que se trata: eles são nefastos porque atentam contra a liberdade de iniciativa, uma vez que sufocam a livre concorrência, e contra a liberdade de imprensa, uma vez que limitam a diversidade de vozes. Ao Estado cabe apenas zelar pela vigência do regime que preserva a liberdade. Quem promove a diversidade de vozes não é o Estado - é a sociedade.

Entre nós, o Estado poderia fazer mais se desistisse de vez dos ímpetos controladores nos quais ainda tem incidido. Veja-se, por exemplo, a sem-cerimônia com que o Executivo e o Legislativo tentam instrumentalizar as emissoras públicas sob sua esfera de influência, ou a agressividade com que alguns juízes praticam a censura prévia judicial.

Com essa concepção de Estado ainda presente, não é de se descartar um risco - na verdade, uma ameaça bem real - ainda mais preocupante no céu carregado da Confecom: a de que a conferência seja manipulada por setores governamentais que, cooptando os "movimentos sociais organizados", procurem perpetrar investidas contra o setor privado - como vem acontecendo em tantos países deste continente.

Se souber se proteger desses riscos, a Confecom poderá mostrar aos legisladores e ao País as razões pelas quais devemos evoluir para um sistema de comunicação social que efetivamente limite o oligopólio, o monopólio e a propriedade cruzada - tal como acontece há décadas nas democracias mais longevas -, e que bloqueie essa nova disfunção que vem se agigantando recentemente no Brasil, qual seja, a transfusão ilegal de recursos de igrejas para redes de televisão e rádio. São mudanças indispensáveis para o aprimoramento econômico e político do País. Aos tropeções, a Confecom vem tentando pautá-las. Se tiver maturidade, poderá ajudar os brasileiros a alcançá-las.

(*) Publicado na edição de 22/11/09.

domingo, 25 de outubro de 2009

A Arte de Viver: Meditação Vipassana

Todos buscam paz e harmonia, porque isto é o que falta em nossas vidas. De quando em quando todos nós experimentamos agitação, irritação, desarmonia. E, quando somos atormentados por esses sofrimentos, não os restringimos a nós mesmos; freqüentemente os distribuímos aos outros também. A infelicidade permeia a atmosfera que circunda a pessoa que sofre e todos que entram em contato com ela também são afetados. Certamente, esse não é um modo apropriado de viver.

Devemos viver em paz com nós mesmos e em paz com os outros. Afinal, seres humanos são seres sociais, têm de viver em sociedade e lidar uns com os outros. Mas como podemos viver pacificamente? Como mantermo-nos em harmonia interior e mantermos a paz e a harmonia ao nosso redor, de forma que também os outros possam viver pacífica e harmoniosamente?

Para livrarmo-nos de nosso sofrimento, temos de saber a razão básica para sua existência, a causa do sofrimento. Se investigarmos o problema, torna-se claro que sempre que começamos a gerar qualquer negatividade ou impureza na mente, certamente nos tornaremos infelizes. Uma negatividade na mente, uma impureza mental não pode coexistir com a paz e a harmonia.

Como geramos negatividades? De novo, através da investigação, torna-se claro. Ficamos infelizes quando achamos que alguém age de uma maneira que não gostamos ou quando não gostamos de alguma coisa que acontece. Coisas que não desejamos acontecem e criamos tensão interior. Coisas que queremos não acontecem, alguns obstáculos aparecem no caminho, e novamente criamos tensão interior; começamos a atar "nós" internos. E, pela vida afora, coisas indesejadas continuam a acontecer e as desejadas podem ou não acontecer, e este processo de reação, de atar nós — nós górdios — faz toda a estrutura física e mental tão tensas, tão cheias de negatividade, que a vida torna-se um sofrimento.

Uma forma de resolver este problema é dar um jeito para que nada de desagradável aconteça na vida e que tudo aconteça exatamente como queremos. Temos de desenvolver o poder de fazer com que tudo que desejamos aconteça e o que não desejamos não aconteça, ou ter alguém com tal poder que nos ajude sempre que solicitarmos. Mas isso é impossível. Não há ninguém no mundo cujos desejos sejam sempre satisfeitos, em cuja vida tudo ocorre de acordo com sua vontade, sem nada indesejável acontecer. Fatos contrários à nossa vontade e ao nosso desejo constantemente ocorrem. Portanto, surge uma pergunta: como podemos parar de reagir cegamente às coisas de que não gostamos? Como podemos parar de gerar tensões e permanecer pacíficos e harmônicos?

Na Índia, assim como em outros países, pessoas sábias e santas estudaram esse problema — o problema do sofrimento humano — e encontraram uma solução: se algo indesejável ocorre e você começa a reagir gerando raiva, medo ou qualquer outra negatividade, então, você deve desviar sua atenção o mais rapidamente possível para uma outra coisa qualquer. Por exemplo, levante-se, pegue um copo d'água, comece a bebê-la e sua raiva não se multiplicará; pelo contrário, começará a diminuir. Ou comece a contar: um, dois, três, quatro. Ou comece a repetir uma palavra, ou uma frase, ou algum mantra: talvez o nome de um santo ou divindade na qual você tenha devoção. A mente se distrairá e, até certo ponto, você estará livre da negatividade, livre da raiva.

Essa solução foi útil, deu certo. Ainda dá. Praticando isso, a mente sente-se livre da agitação. Entretanto, essa solução atua apenas no nível consciente. Na verdade, ao desviar a atenção, você empurra a negatividade profundamente para o inconsciente e, nesse nível, continua a gerar e multiplicar a mesma impureza. Na superfície há uma camada de paz e harmonia, mas nas profundezas da mente jaz um vulcão adormecido de negatividade reprimida que, mais cedo ou mais tarde, explodirá em violenta erupção.

Outros exploradores da verdade interior foram ainda mais longe em sua busca e, experimentando a realidade da mente e da matéria neles mesmos, concluíram que desviar a atenção é apenas fugir do problema. Fugir não é a solução; você tem de enfrentar o problema. Toda vez que a negatividade surgir na mente, simplesmente observe-a, enfrente-a. Assim que começar a observar uma impureza mental, ela começará a perder sua força e lentamente ela murcha e desaparece.

Uma boa solução: evitar os dois extremos da repressão e da livre manifestação. Enterrar a negatividade no inconsciente não a erradicará; e permitir sua manifestação com ações verbais ou físicas prejudiciais apenas criará mais problemas. Mas se você apenas observar, então, a impureza desaparecerá e você estará livre dela.

Isso parece maravilhoso, mas será realmente praticável? Não é fácil encarar suas próprias impurezas. Quando a raiva surge, apodera-se de nós tão rapidamente que nem mesmo percebemos. Então, dominados por ela, falamos ou fazemos coisas que prejudicam aos outros e a nós mesmos. Mais tarde, quando ela passa, começamos a chorar e nos arrependemos, pedindo perdão aos outros e a Deus: "Oh, cometi um erro, por favor, me desculpe!". Mas da próxima vez em que nos encontrarmos numa situação semelhante, reagimos da mesma forma. Esse tipo de arrependimento não ajuda em nada.

A dificuldade é que não temos consciência quando uma impureza surge. Ela surge profundamente na mente inconsciente e, quando chega ao nível consciente, já ganhou tanta força que toma conta de nós sem que possamos observá-la.

Vamos supor que eu contrate um secretário particular e toda vez que a raiva surja ele diga: "olhe, a raiva está começando!". Como não sei a que horas ela começa, terei de contratar três secretários para os três turnos: manhã, tarde e noite! Suponhamos que possa arcar com isso e que a raiva comece. Assim que meu secretário me avise, "oh, veja — a raiva começou!" a primeira coisa que farei é repreendê-lo: "Seu tolo, acha que é pago para me ensinar?" Estou tão dominado pela raiva que bom conselho não adianta

Suponhamos que o discernimento prevaleça e eu não o repreenda. Em vez disso, digo: "Muito obrigado. Agora preciso me sentar e observar minha raiva." Será que é possível? Ao fechar os olhos e tentar observar a raiva, o objeto da minha raiva imediatamente surge em minha mente — a pessoa ou o fato que a iniciou. Logo, não estarei observando a raiva pura, mas meramente o estímulo externo dessa emoção. Isso servirá apenas para multiplicar a raiva; e, portanto, não é a solução. É muito difícil observar qualquer negatividade abstrata ou emoção abstrata divorciada do objeto externo que originariamente foi responsável pelo seu surgimento.

Entretanto, alguém que atingiu a verdade última encontrou uma solução real. Descobriu que sempre que uma impureza surge na mente, duas coisas começam a acontecer simultaneamente no nível físico. Uma é que a respiração perde o seu ritmo normal. Começamos a respirar mais forte, sempre que a negatividade surge na mente. Isso é fácil de se observar. Num nível mais sutil, uma reação bioquímica começa no corpo, resultando numa sensação. Toda impureza irá gerar alguma sensação no corpo.

Isso oferece uma solução prática. Uma pessoa comum não pode observar impurezas abstratas da mente — medo, raiva ou paixão abstratos. Mas, com a prática e treinamento adequados, é muito fácil observar a respiração e as sensações corporais, ambas diretamente relacionadas às impurezas mentais.

A respiração e as sensações vão ajudar de duas formas. Primeiramente serão como que secretários particulares. Assim que uma negatividade surgir na mente, a respiração perderá sua normalidade; começará a gritar: "olhe, alguma coisa deu errado!". Eu não posso repreender minha respiração; tenho que aceitar esse aviso. Da mesma forma, as sensações vão dizer que algo vai mal. Então, sendo avisados, podemos começar a observar a respiração e as sensações e, muito rapidamente, veremos que a negatividade cessa.

Esse fenômeno físico-mental é como duas faces de uma moeda. Em uma das faces, estão os pensamentos e as emoções surgindo na mente; na outra, estão a respiração e as sensações corporais. Quaisquer pensamentos ou emoções, quaisquer impurezas mentais que surjam, manifestam-se na respiração e nas sensações daquele momento. Logo, observando a respiração ou as sensações, estamos, de fato, observando as impurezas mentais. Em vez de fugirmos do problema, estamos encarando a realidade como ela é. Como resultado, veremos que essas impurezas perdem sua força; não mais nos dominam como no passado. Se persistirmos, elas finalmente desaparecerão completamente e começaremos a viver uma vida pacífica e feliz, uma vida cada vez mais livre das negatividades.

Dessa forma, essa técnica de auto-observação mostra-nos a realidade em seus dois aspectos: interior e exterior. Previamente olhávamos apenas para fora, perdendo a verdade interior. Procurávamos sempre fora de nós a causa de nossa infelicidade; sempre culpávamos e tentávamos modificar a realidade externa. Ignorantes da realidade interior, nunca entendemos que a causa do sofrimento está dentro de nós, em nossas reações cegas às sensações boas e ruins.

Agora, com o treinamento, podemos ver o outro lado da moeda. Podemos tomar consciência da respiração e também do que acontece dentro de nós. O quer que seja, respiração ou sensação, aprendemos a simplesmente observá-la sem perder o equilíbrio mental. Paramos de reagir e de multiplicar nosso sofrimento. Ao contrário, deixamos as impurezas se manifestarem e desaparecerem.

Quanto mais praticamos essa técnica, mais rapidamente as negatividades desaparecerão. Pouco a pouco, a mente tornar-se-á livre de impurezas, tornar-se-á pura. Uma mente pura é sempre cheia de amor — amor desinteressado por todos os outros; cheia de compaixão pelas falhas e sofrimentos dos outros; cheia de alegria pelo seu sucesso e felicidade; cheia de equanimidade diante de qualquer situação.

Quando alguém atinge esse estágio, todo o seu padrão de vida muda. Não é mais possível fazer ou falar qualquer coisa que perturbe a paz e a alegria dos outros. Em vez disso, uma mente equilibrada não apenas torna-se pacífica, mas a atmosfera que cerca uma tal pessoa também se tornará permeada de paz e harmonia, e isso influenciará e ajudará a outros também.

Aprendendo a permanecer equilibrado diante de todas as coisas que se experimentam dentro de si, desenvolve-se o desapego também a tudo o que se encontra nas situações exteriores. No entanto, esse desapego não é escapismo ou indiferença aos problemas do mundo. Aqueles que praticam Vipassana regularmente tornam-se mais sensíveis ao sofrimento dos outros e fazem seu máximo para aliviar tal sofrimento em tudo que podem — não com agitação, mas com a mente cheia de amor, compaixão e equanimidade. Aprendem a "santa indiferença" — como estar totalmente compromissados, totalmente envolvidos em ajudar os outros, enquanto, ao mesmo tempo, mantêm o equilíbrio mental. Dessa forma, permanecem pacíficos e felizes enquanto trabalham para a paz e a felicidade de outros.

Esse foi o ensinamento do Buda: uma arte de viver. Ele nunca estabeleceu ou ensinou nenhuma religião, nenhum "ismo". Nunca instruiu aqueles que o procuravam a praticar qualquer rito, ou ritual, ou alguma formalidade vazia. Ao contrário, ensinava-os a observar a natureza tal como ela é, observando a realidade interior. Na ignorância continuamos a reagir de maneiras que prejudicam a nós e aos outros. Porém, quando a sabedoria surge — a sabedoria de observar a realidade como ela é — esse hábito de reagir vai embora, desaparece. Quando paramos de reagir cegamente, então, somos capazes da ação verdadeira — ação proveniente de uma mente equilibrada e equânime, uma mente que vê e compreende a verdade. Tal ação poderá ser tão somente positiva, criativa e benéfica para nós e para os outros.

Logo, o que é necessário é “conhecer-se a si mesmo” — conselho dado por todo sábio. Precisamos conhecer a nós mesmos, não apenas intelectualmente, no nível teórico e das idéias; e não apenas emocional ou devocionalmente, simplesmente aceitando cegamente o que ouvimos ou lemos. Tal conhecimento não é suficiente. Mais do que isso, precisamos conhecer a realidade experimentalmente. Precisamos experimentar diretamente a realidade desse fenômeno físico-mental. Só isso nos ajudará a libertar-nos de nosso sofrimento.

Essa experiência direta de nossa realidade interior, essa técnica de auto-observação é chamada de meditação "Vipassana". Na língua da Índia, nos tempos do Buda, passana significava ver no sentido comum, com os olhos abertos; mas Vipassana é observar as coisas como realmente são, não como parecem ser. A realidade aparente tem de ser penetrada, até alcançarmos a verdade última de toda a estrutura física e mental. Quando experimentamos essa verdade, então, aprendemos a parar de reagir cegamente, de criar impurezas — e, naturalmente, as antigas impurezas serão gradualmente erradicadas. Tornamo-nos libertados de todo o sofrimento e experimentamos a verdadeira felicidade.

Existem três passos para o treinamento dado em um curso de meditação. Primeiramente, deve-se se abster de toda ação, física ou verbal, que perturbe a paz e a harmonia dos outros. Não se pode trabalhar para se liberar das impurezas da mente e ao mesmo tempo cometer atos físicos ou verbais que somente as multipliquem. Portanto, um código de moralidade é o primeiro passo essencial da prática. Compromete-se a não matar, não roubar, não ter má conduta sexual, não mentir e não usar intoxicantes. Abstendo-se de tais ações, permite-se que a mente se acalme o suficiente para avançar no trabalho.

O próximo passo é desenvolver alguma maestria sobre essa mente selvagem por intermédio do treinamento em mantê-la fixa em um único objeto, a respiração. Tenta-se manter a atenção na respiração o maior tempo possível. Esse não é um exercício respiratório; não se controla a respiração. Em vez disso, observa-se o fluxo respiratório como ele é; como entra e sai. Dessa maneira, acalma-se a mente mais e mais, e ela não será dominada por negatividades intensas. Ao mesmo tempo concentra-se a mente, tornando-a aguçada e penetrante, capaz de realizar o trabalho de visão clara ("insight").

Esses dois primeiros passos, viver uma vida moral e controlar a mente, são muito benéficos e necessários por si só, mas levarão à repressão das negatividades, a não ser que se tome o terceiro passo: purificar a mente das impurezas, desenvolvendo a visão clara de sua própria natureza. Isso é Vipassana: experimentar a própria realidade pela observação sistemática e imparcial, dentro de si mesmo, de todo o fenômeno físico-mental sempre em mutação e que se manifesta como sensações. Essa é a essência dos ensinamentos do Buda: autopurificação através da auto-observação.

Isso pode ser praticado por um e por todos. Todas as pessoas enfrentam o problema do sofrimento. Essa é uma doença universal que requer um remédio universal, não-sectário. Quando alguém sofre com raiva, não é raiva budista, hindu ou cristã. Raiva é raiva. Quando alguém fica agitado em decorrência dessa raiva, essa agitação não é cristã ou judia ou muçulmana. A doença é universal. O remédio também tem de ser universal.

Vipassana é o remédio. Ninguém se oporá a um código de vida que respeita a paz e a harmonia dos outros. Ninguém pode se opor a desenvolver o controle da mente. Ninguém se oporá ao desenvolvimento da visão clara de sua própria natureza, por intermédio da qual é possível libertar a mente das negatividades. Vipassana é um caminho universal.

Observar a realidade como ela é por intermédio da observação interior — isso é conhecer-se a si mesmo direta e experimentalmente. Conforme pratica, a pessoa continua a se libertar do sofrimento das impurezas mentais. A partir da verdade aparente, grosseira, externa, pode-se penetrar a verdade última da mente e da matéria. Então, se transcende isso e experimenta-se uma verdade que está além da mente e da matéria, além do campo condicionado da relatividade: a verdade da libertação total de todas as impurezas, de todo o sofrimento. Não importa o nome que se dê à verdade última, isso é irrelevante; esse é o objetivo final de todos.

Que todos experimentem essa verdade fundamental! Que todos se libertem do sofrimento. Que todos desfrutem a verdadeira paz, a verdadeira harmonia, a verdadeira felicidade.

QUE TODOS OS SERES SEJAM FELIZES

O artigo acima é baseado em uma palestra proferida pelo Sr. S.N Goenka em Berna, Suíça.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Sobre jornalistas e cozinheiros

O que está em jogo é a responsabilidade do que é escrito nos jornais, veiculado em rádios, televisão e internet
Andressa Brito (*)
Assistindo aos telejornais dos últimos dias, mais uma vez, escandalizou-me a forma descompromissada e sem foco com o que o Supremo Tribunal Federal tratou a questão da exigência ou não do diploma para exercer a função de jornalista. Não se trata de reserva de mercado, como apregoam alguns segmentos elitistas da comunicação ou de inibir a liberdade de expressão dos brasileiros como argumentou o presidente do STF, Gilmar Mendes. O que está em jogo é a responsabilidade do que é escrito nos jornais, veiculado em rádios, televisão e internet.
É claro, e talvez por ser claro demais ofusque a visão dos representantes da Suprema Corte, que o jornalista não lida com experimentações na busca por novos sabores e pratos, como fazem os cozinheiros cujo ofício foi comparado ao dos formadores de opinião. O jornalista lida com informações que podem ou não virar notícia e diretamente influencia sobre como uma sociedade enxerga determinada personalidade política ou instituição. Não estou com isso, compactuando com os que acreditam que a imprensa é o quarto poder, mas defendendo que deve-se ter ética e responsabilidade ao lidar com fatos que repercutem diariamente na vida de milhões de pessoas.
Não se pode voltar atrás do que foi dito ou escrito, por mais que nos valhamos de erratas e direitos de resposta. Por essa razão, é necessário apurar, checar, duvidar, questionar sempre com qual interesse as fontes nos passam fatos sigilosos, enfim, lançar mão de procedimentos que na faculdade podemos treinar sem causar danos. É a universidade o espaço destinado a reflexões, a internalizar preceitos éticos, a conhecer gente que enfrentou as adversidades, não se vendeu e marcou a história.
No mercado de trabalho, vamos adquirindo prática, dando formato jornalístico às informações, separando o que é importante do que não merece virar notícia. Até nessa seleção, o jornalista formado leva vantagem, ele sabe que sua atividade é tornar público o que melhora o cotidiano da sociedade, dá embasamento para suas escolhas, argumentos para suas discussões. É vocação, com certeza, mas tem que ser melhorada, aperfeiçoada, discutida, questionada. Não basta para ser jornalista ter apenas afinidade com a língua-mãe ou conhecimento das ciências humanas, senhores ministros.
A exigência de nível superior não impede ainda que “pensadores e intelectuais que trabalham de forma isenta” manifestem sua opinião, como alegou o ministro Ricardo Lewandowski. Embora todos que humildemente leram Carlos Chaparro, Nelson Traquina e tantos outros teóricos do jornalismo, saibam que isenção não existe. Em cada etapa, por sermos humanos, estamos deixando transparecer nosso conhecimento de mundo, o contexto no qual estamos inseridos e todas as nossas idiossincrasias. O que não tornam as notícias tendenciosas ou manipuláveis.
Significa assumir que não somos observadores da realidade, mas pertencemos a ela, e como jornalistas devemos ser fiéis, isso sim, ao que vemos, ao que ouvimos dos participantes de cada evento e ao que juramos na colação de grau. Na academia, ensinam-nos que ética e seriedade para informar são as maiores virtudes que um jornalista pode possuir e são condições sine qua non para o exercício da profissão. Apesar da analogia entre cozinheiros e jornalistas, espero que essa arbitrariedade não acabe em pizza!

(*) Andressa Brito é jornalista em Tocantins

quarta-feira, 24 de junho de 2009

JORNALISMO - Quem tem moral para defender a liberdade de imprensa?


Antes de discutir a questão do diploma é imperioso discutir a legitimidade dos autores da Ação Civil Pública acolhida pelo Supremo Tribunal Federal que resultou na extinção da sua obrigatoriedade para o exercício do jornalismo.

No recurso interposto pelo Ministério Público Federal, o SERTESP (Sindicato das Empresas de Rádio e TV do Estado de S. Paulo) aparece como assistente simples. A participação do MPF nesta questão é inédita e altamente controversa, tanto assim que o ministro Gilmar Mendes abandonou, numa parte substanciosa do seu relatório, o mérito da questão para justificar a inopinada aparição do órgão público numa questão difusa e doutrinal, suscitada aleatoriamente, sem qualquer fato novo ou materialização de ameaça.

Imaginemos que os juristas e o próprio MPF acabem por convencer a sociedade brasileira da legitimidade de sua intervenção. Pergunta-se então: tem o SERTESP credibilidade para defender uma cláusula pétrea da Carta Magna que sequer estava ameaçada? Quem conferiu a este sindicato de empresários o diploma de defensor do interesse público? Quem representa institucionalmente – a cidadania ou as empresas comerciais, concessionárias de radiodifusão, sediadas em S. Paulo?

Na condição de concessionárias, as afiliadas da SERTESP são dignas de fé, têm desempenho ilibado? Nunca infringiram os regulamentos do poder concedente (o Estado brasileiro) que se comprometeram a obedecer estritamente? Respeitam a classificação da programação por faixa etária? As redes de rádio e TV com sede no estado de São Paulo porventura opõem-se ou fazem parta da despudorada e inconstitucional folia de concessões a parlamentares?

Se este sindicato regional de empresas claudica em matéria cívica e não tem condições de apresentar uma folha corrida capaz de qualificá-lo como defensor da liberdade de expressão, por que não foram convocadas as entidades nacionais? Onde está a ABERT e a sua dissidência, a ABRA? Brigaram?

E por que razão a ANJ (Associação Nacional de Jornais) de repente começou a aparecer como co-patrocinadora do recurso contra o diploma depois da vitória na votação? A carona tardia teria algo a ver com as notórias rivalidades dentro do bunker patronal? Essas rivalidades empresariais não colocam sob suspeita o mandato de guardiã da liberdade que o SERTESP avocou para si?

Grupo minoritário se sobrepõe à cidadania

De qualquer forma evidenciou-se que numa sociedade democrática, diversificada e pluralista a defesa da Constituição não pode ser transferida para um grupo minoritário (o SERTESP) dentro de um segmento (o dos empresários de comunicação) dilacerado por interesses conflitantes e nem sempre os mais idealistas.

O Ministério Público Federal, como órgão do Estado brasileiro, para levar a bom termo a Ação Civil Pública, deveria ter organizado audiências públicas para ouvir as demais partes. Contentou-se em acionar a ré (a União) e suas assistentes simples (a Fenaj e o Sindicato de Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, ambas com atuações abaixo do sofrível). Contentou-se com os interesses das corporações e deixou de lado a oportunidade de renovar e aprimorar o ensino do jornalismo.

Não se sabe o que efetivamente pensam os leitores, ouvintes e telespectadores sobre a questão do diploma e, principalmente, sobre as excentricidades do julgamento. Os jornais têm registrado algumas cartas simbólicas sobre o diploma em si para fingir neutralidade e passam ao largo dos demais aspectos.


Fonte: www.adnews.com.br (É permitida a reprodução desta matéria desde que citada a fonte.)

sábado, 6 de junho de 2009

Sem medo de ser feliz

A informação em tempo real é hoje uma das mais preciosas conquistas do avanço tecnológico. A velocidade com que a informação chega e passa está transformando gerações e mudando o comportamento da sociedade. Fascinante aos olhos de muitos essa nova era da informação é também o monstro de outros que, não alheio às mudanças temem em se perder no tempo e no espaço. É preciso aliar-se à modernidade e correr contra o tempo. Dificil??? Não para essa nova geração que parece já nascer inserido no mundo virtual. O que fazer, então para acompanhar tal modernidade? Primeiro é preciso aceitar que mediante tal fato não há mais retrocesso. Como disse LÉVY (1996, p.16) "O virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual. Contrariamente ao possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objecto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a actualização." Esse parágrafo, também citado por Daiana Costa, nos mostra que é preciso encarar a realidade. A globalização é fato, a interatividade é prática comum, a instantaneidade é notória. Somos hoje, um ícone no espaço cibernético. Vamos então tirar proveito de toda essa conquista e aprender a viver num novo mundo, sem medo de ser feliz.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Onde está amarrada a liberdade de expressão?

O primeiro caderno do “Comunique-se - o portal da comunicação”, publicou no dia 8 de maio, matéria sobre a posição da OEA – Organização dos Estados Americanos, sobre a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista.
Para a OEA, a medida inibe a liberdade de expressão e “é incompatível com o artigo 13 da Convenção Americana dos Direitos Humanos, que trata do livre pensamento e expressão”. A OEA afirma ainda que “a legislação brasileira dá brechas a violações da liberdade de expressão”.
Bom, não sou especialista no assunto, mas não acredito que o diploma é a causa da restrição da liberdade de expressão.
A liberdade de expressão é um direito fundamental consagrado na Constituição Federal de 1988, que dá a qualquer cidadão o direito de manifestar livremente opiniões,idéias e pensamentos. Direitos esses, que todos sabemos, serem tolhidos inúmeras vezes, pelos “donos da mídia”
O que, ou quem garante que a desobrigatoriedade do diploma vá abrir outros caminhos para a liberdade de expressão que já não estejam garantidos hoje? O que vai mudar nas linhas editoriais a não exigência dos diplomas? Nas mãos de quem estão as mídias? Por acaso os “empresários da imprensa” abrirão todas as portas para publicar “expressões” que não são de seu interesse? Acho que vale discutir, então, onde está amarrada a liberdade de expressão para começar a desatar os nós. No diploma é que não está.
Leia a seguir, a íntegra da matéria publicada no Comunique-se

OEA diz que obrigatoriedade do diploma restringe e liberdade de expressão

A Organização dos Estados Americanos (OEA) criticou a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo, tema que será julgado em breve pelo Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo a entidade, essa medida constitui uma restrição à liberdade de expressão e é incompatível com o artigo 13 da Convenção Americana de Direitos Humanos, que trata do livre pensamento e expressão.
A crítica faz parte do relatório anual da divisão especial da OEA para a Liberdade de Expressão, divulgado nesta quinta-feira (07/05) – leia a íntegra -. O documento afirma que a Declaração de Princípios defende que “toda pessoa tem o direito de comunicar suas idéias por qualquer meio e de qualquer forma. A obrigatoriedade de filiação ou o requerimento de diploma universitário para a prática do jornalismo constitui restrições ilegais para a liberdade de expressão”.
O relatório trata de casos de violação da liberdade de expressão ocorridos nos países que compõem a entidade em 2008. As oito páginas dedicadas ao Brasil trazem duras críticas ao regime jurídico, principalmente a “criminalização da expressão” que penaliza casos de calúnia, difamação e injúria. Por tomar como base o ano passado, o documento não considerou a decisão do STF de revogar a Lei de Imprensa.
“A Declaração de Princípios assegura que ‘leis de privacidade não devem inibir ou restringir investigações e a disseminação de informações de interesse público’. E mais, de acordo com o 11º princípio, ‘autoridades públicas estão mais sujeitas ao escrutínio pela sociedade’”, diz o documento.
A OEA afirma que a legislação brasileira dá brechas a violações da liberdade de expressão. Como exemplo, cita o caso de decisão da Justiça Eleitoral que obrigou a Folha de S. Paulo a retirar uma matéria publicada no site sobre Luiz Marinho, que disputou a eleição municipal de São Bernardo.
O caso dos fiéis da Igreja Universal contra a Folha de S. Paulo também está presente no documento. De acordo com a OEA, “múltiplos casos de restrições judiciais ou processos poderiam constituir limitações na liberdade de expressão”.
Apesar das críticas, o documento também cita casos exemplares. Entre eles está presente o sequestro de uma equipe do jornal O Dia. A OEA ressaltou que a reação das autoridades brasileiras foi “imediata e eficiente” e os autores do crime foram punidos.
A entidade também ressalta a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, que permitiu a realização de entrevistas antes no período eleitoral. Sobre a Lei de Imprensa, o documento parabeniza a decisão de suspender parte dos artigos, já que a sua revogação foi decidida este ano.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

À Minha MÃE, onde quer que você esteja

Mãe, sua bondade e ternura falam-me de Deus-amor!
Mãe, você me faz sentir a vida, a beleza das cores, a harmonia, o encanto e a doçura!

Mãe, hoje quero dizer-lhe um segredo muito especial: eu a adoro!
Eu sei também que, de seu coração, brota sempre um gesto novo de amor e carinho! Você é capaz de esquecer o sofrimento e a dor para me ver feliz!

Hoje, quero fazer por você uma prece muito bonita e sincera: Meu Deus, abençoa esta criatura tão encantadora que me deu a vida. Abençoa esta mulher, amiga, minha mãe, hoje e sempre!

Mãe, você é o maior bem que eu tenho neste mundo! Olhando o céu aberto, contemplo o grande tesouro de paz, sabedoria, paciência, bondade, ternura e acolhimento que permeia o seu ser.

Você me faz crer, minha mãe, que esta vida vale a pena ser vivida, quando entregue por amor! Às vezes, quando a vida começa a ficar mais difícil, pensando em você, mãe, surge uma nova esperança e meu olhar começa a brilhar.
Você sempre espera de braços abertos o filho e a filha que precisam mais uma vez do seu aconchego, de sua compreensão e carinho, como se fosse a primeira vez.

Mãe! Presente de Deus para minha vida!
Mãe, recebe hoje meu abraço e todo o meu carinho!
E, agora, gostaria que o meu agradecimento soasse mais forte do que todos os dias, porque hoje, mãe, é o seu dia!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

SINJOR – O EXEMPLO QUE NÃO FOI DADO

O que segue abaixo foi extraído do site GENTE DE OPINIÃO (http://www.gentedeopiniao.com/ler_noticias.php?codigo=43816). Acho que merece ser lido.

SINJOR – O EXEMPLO QUE NÃO FOI DADO

Nós, jornalistas, temos a mania de criticar os outros querendo fazer crer que somos pessoas isentas de erros como entes comuns que somos. Devemos criticar, sim, mas nunca pensando que estamos acima do bem e do mal. Acontece, no entanto, que nem sempre o bom exemplo é dado o que nos tira o direito de cobrar dos outros a postura que consideramos corretas, atitudes que achamos perfeitas. Um exemplo: sexta-feira aconteceu a eleição da diretoria do Sinjor (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Rondônia), entidade que ajudei a fundar e que presidi (como interventor eleito) em um momento de atrapalhação por conta de administração mal conduzida. Fui convidado para fazer parte da comissão eleitoral e, recusei, no inicio, já prevendo o que viria acontecer no decorrer dos trabalhos, mas atendendo a insistência de colegas, resolvi permanecer. Aqui pra nós, minhas previsões aconteceram. Fiz parte da comissão composta de três pessoas e durante o processo da eleição todas as minhas opiniões, meus protestos, foram rechaçados, sem discussão tranqüila, consideradas (minhas opiniões), voto vencido e por isto indiscutíveis. Perdi todas e a eleição foi realizada, apesar dos problemas e, também, do desinteresse do eleitorado. O que aconteceu: foi considerado válido (com minha opinião contrária) o voto vindo do interior, de forma irregular, a maioria sem cópias de documentos, aberto, por fax, quando o estatuto da entidade determina que o sigilo do voto seja assegurado. Mas a comissão, com dois votos contra um, aprovou. O que deu: a chapa vencedora perdeu na capital mas teve quase a totalidade dos 50 votos do interior, por conta da campanha realizada pelo candidato vencedor, que começou cedo (mais esperto) e que teve todas as facilidades graças às bênçãos da atual presidência do Sindicato, que permitiu a distribuição, antecipada, de chapas (modelo), a maioria usadas para o voto, quando o correto seria a chapa única (oficial), com assinatura da comissão eleitoral, como em qualquer eleição. Houve protesto durante a apuração mas a comissão não levou em consideração e aprovou tudo. Muitas outras coisas estranhas aconteceram e em alguns instantes pensei em renunciar, mas decidi que seria pior. Nunca fiz isto. Fui até o fim, “conquistando” a antipatia dos vencedores e a desconfiança dos perdedores. Espero o perdão dos colegas por estar levando ao conhecimento do público as nossas mazelas, mas é preciso que os nossos leitores saibam que como pessoas comuns não somos mais nem menos do que os outros. Mesmo considerando isto, devíamos dar o bom exemplo para, desta formar, termos condição de condenar, de denunciar a corrupção dos políticos, “vitimas” preferidas para nossas criticas. Nada tenho de pessoal contra nenhum dos candidatos. O que quero é que o Sindicato seja bem administrado e que recupere a credibilidade como instituição de respeito. É isto o mais importante. Uma eleição limpa, honesta e com base nas normas legais é o que eu queria. Isto não aconteceu, para tristeza dos outros que, também, assim pensavam.

Fonte: Ciro Pinheiro

domingo, 29 de março de 2009

Lula na avenida

Foi como se fosse um desconhecido. Nem vaias, nem palmas. Nada. E nada é pior do que qualquer coisa O CARIOCA é mesmo único. Fica íntimo sem conhecer as pessoas; se você telefona para um escritório, a telefonista te chama de "meu amor", se compra um coco na praia, o vendedor te chama de "querida", se pede uma cadeira para tomar sol, vem logo um "é pra já, minha linda". Não é nem preciso dizer que todos se chamam de você e são de uma cordialidade suprema.

Estamos mais do que acostumados a toda essa intimidade. Mas quando é para vaiar ou para aplaudir, não fazem a menor cerimônia. E o curioso é que estão todos, sempre, de acordo. Que seja no Maracanã, no meio de um bloco, ou na avenida, a unanimidade é sempre geral, e nunca existem duas correntes, uma a favor e outra contra.

Veja o pobre do Neguinho da Beija-Flor, que levou uma vaia daquelas por ter atrasado 15 minutos o desfile, já que resolveu se casar na avenida. Isso pelo menos vai evitar que, no futuro, entre uma escola e outra, aconteçam batizados, aniversários e que tais. Mas foi curioso que o carioca, tão espontâneo nos seus arroubos, não tenha tido nenhum tipo de reação à presença do presidente na avenida.

Foi como se fosse um desconhecido qualquer no camarote do governador -nosso governador, que sempre faz uma pose original na hora das fotos. Nem vaias, nem palmas. Nada. E nada é pior do que qualquer coisa. Para quem, segundo as pesquisas, tem 84% de aprovação popular, seria de se esperar um espetáculo de gritos e vivas ao presidente. Afinal, 84% não são para se desprezar. Pois não aconteceu absolutamente nada. Não adiantou o chapéu panamá, a animação de d. Marisa, que chegou a descer para sambar junto aos passistas, enquanto os fotógrafos cumpriam seu papel de mostrar o quanto nosso governador, nosso prefeito e nosso presidente são unidos. Ninguém deu a menor bola. Eu, que não entendo dessas coisas, acho que Lula estava em campanha; ele não foi ver o samba, mas testar 2010.

Já o prefeito foi para a avenida, sambou com as escolas -todas-, mudou a cor da fitinha do seu chapéu para ser simpático com cada uma que passava, mas também não fez o menor sucesso. Era tudo"fake", e carioca saca essas coisas com incrível rapidez.

Quando Itamar apareceu na avenida, 15 anos atrás, foi um grande auê com palmas carinhosas de todos que passavam (depois que Lilian Ramos apareceu foi outro auê). Todos queriam saudar nosso então presidente. Mas desta vez a presença de nossa autoridade máxima foi um fiasco. E D. Marisa deu, enfim, sua contribuição como primeira-dama: foi quando reclamou com o ministro Temporão que não havia camisinhas no banheiro das mulheres. Que beleza, ter uma primeira-dama tão cuidadosa. Depois de tantos anos sem dizer uma só palavra, ela perdeu uma boa oportunidade de ter continuado muda e calada como sempre esteve.

Foi uma pena nossa jovem Dilma não ter vindo também. Ela teria certamente contribuído para que a indiferença carioca se mostrasse ainda mais evidente. Aliás, segundo amigos pernambucanos, sua passagem pelo Estado foi em branquíssimas nuvens. Lá também não aconteceu nada.

O trio da alegria -Cabral, Paes e Lula- bem que se esforçou, mas no Carnaval não fez nenhum sucesso.

Permita-me: quá... quá... quá... quá... quá...

Danusa Leão
Jornalista e escritora

Estrada de Ferro Madeira Mamoré passa por perícias

As peças do museu e a revitalização do complexo ferroviário terão laudos de peritos



Porto Velho (RO), 27.03.2009 – Desde ontem (26, quinta-feira) peritos estão analisando partes do complexo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM). Estão sendo periciadas as peças que compõem o acervo do museu e as obras de revitalização do complexo para verificar se estaria havendo descaracterização ou violação do patrimônio histórico.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) atendeu a recomendação do MPF e trouxe um perito especializado para avaliar a situação das peças do acervo do Museu da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM). O laudo pericial informará o estado das peças do museu, especificando eventuais danos, bem como se a conservação atual é adequada. A recomendação foi motivada por denúncias feitas pela comunidade porto-velhense de que houve transporte inadequado e que haveria má conservação das peças do museu. Atualmente o acervo do patrimônio histórico está armazenadas no galpão da Marinha.

Já o MPF trouxe uma perita, servidora do órgão em Brasília, para analisar as obras de revitalização do complexo da EFMM. A perícia vai apontar se está havendo descaracterização ou violação do patrimônio histórico e cultural. Segundo o procurador da República Rodrigo Gomes Teixeira, o tombamento da EFMM gera um regime especial para o bem cultural, acarretando restrições para reformas ou modificações no local. O MPF recebeu denúncias de que o aterro para ampliação da avenida Farqhuar e outras obras de revitalização do complexo estariam violando o patrimônio cultural.

De posse dos dois laudos periciais, o MPF tomará as medidas que entender cabíveis para proteção do patrimônio cultural.




Fonte: MPF/RO

sábado, 7 de março de 2009

Encontros e Despedidas

Composição: M. Nascimento E F. Brant

Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir

São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida