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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sem medo de ser feliz


A informação em tempo “quase” real é hoje uma das mais preciosas conquistas do avanço tecnológico. A velocidade com que a informação chega e passa está transformando gerações e mudando o comportamento da sociedade. Fascinante aos olhos de muitos essa nova era da informação é também o monstro de outros que, não alheio às mudanças, temem em se perder no tempo e no espaço. É preciso aliar-se à modernidade e correr contra o tempo. Dificil??? Não para essa nova geração que parece já nascer inserido no mundo virtual. O que fazer, então para acompanhar tal modernidade? Primeiro é preciso aceitar que mediante tal fato não há mais retrocesso. Como disse LÉVY (1996, p.16) "O virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual. Contrariamente ao possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a atualização." Esse parágrafo nos mostra que é preciso encarar a realidade. A globalização é fato, a interatividade é prática comum, a instantaneidade é notória. Somos hoje, um ícone no espaço cibernético. Vamos então tirar proveito de toda essa conquista e aprender a viver num no mundo moderno, sem medo de ser feliz.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Campanha 2010, Tome uma Atitude!



Planeta Voluntários apoía a Campanha 2010, Tome uma Atitude!



Assista ao Video: http://www.planetavoluntarios.com.br/nossas-acoes

Você sabia que…

- Mais de um bilhão de pessoas no mundo vive com menos de um dólar por dia;

- Cada dia, morrem, por causa da fome, 24 mil pessoas. 10% das crianças, em países em desenvolvimento, morrem antes de completar cinco anos…

- um terço da população é mal alimentado e outro terço está faminto.

- Que a cada dia 275 mil pessoas começam a passar fome ao redor do mundo. O Brasil é o 9º pais com o maior número de pessoas com fome…

- Atualmente, cerca de 1,2 bilhão de pessoas se encontra no estado de alta pobreza devido às condições climáticas de suas regiões.

Você Sabia?

- Mais de um bilhão de crianças, a metade dos menores do mundo, é castigado pela pobreza, as guerras e a Aids;

- Todos os dias, o HIV/AIDS mata 6.000 pessoas e infecta outras 8.200 .

- Todos os anos, seis milhões de crianças morrem de má nutrição antes de completar cinco anos.

- Cerca de 90 mil crianças e adolescentes são órfãos no Brasil, à espera de uma adoção.

- a escassez de água já atinge 2 bilhões de pessoas. Esse número pode dobrar em 20 anos…

Você Sabia?

- Cerca de 100 milhões de pessoas estão sem teto;

- No Brasil, são 33,9 milhões de pessoas sem casa. Só nas áreas urbanas, são 24 milhões que não possuem habitação adequada ou não têm onde morar.

- Que vinte e cinco milhões de pessoas são dependentes de drogas no mundo;

- Que os indígenas continuam a ser vítimas de assassinatos, violência, discriminação, expulsões forçadas e outras violações de direitos humanos.

Você Sabia?

- Mais de 2,6 bilhões de pessoas não têm saneamento básico e mais de um bilhão continua a usar fontes de água imprópria para o consumo.

- Cinco milhões de pessoas, na sua maioria crianças, morrem todos os anos de doenças relacionadas à qualidade da água.

- No mundo inteiro, 114 milhões de crianças não recebem instrução sequer ao nível básico e 584 milhões de mulheres são analfabetas.

Você Sabia?

- Que é gasto 40 vezes mais dinheiro com cosméticos do que com doações…

- é gasto 10 vezes mais dinheiro com armas do que com educação básica;

- O Brasil é campeão mundial de desmatamento. Em segundo lugar está a Indonésia: 18,7 km2 por ano e, em terceiro, segue o Sudão, com 5,9 km2.

- O país perdeu um campo de futebol a cada dez minutos na Amazônia, nos últimos 20 anos.

…Agora você já sabe.

E vai ficar aí parado? Tome uma atitude.

Milhões de Pessoas em Pobreza Extrema Precisam da sua Ajuda!

Seja Voluntário você Também! Junte-se a nós.

Planeta Voluntários

http://www.planetavoluntarios.com.br

Uma rede social por um mundo melhor.

“O que fazemos por nós mesmos morre conosco, o que fazemos pelos outros permanece e é eterno.”

sábado, 22 de maio de 2010

Jornalista Multifuncional


No texto abaixo a jornalista Elaine Tavares relata muito bem o jornalista nos dias de hoje. Com um piso salarial abaixo do merecido e poucas opções de sucesso e reconhecimento, a grande maioria dos profissionais que hoje atuam no jornalismo, o fazem pela paixão a arte. E como é grande a paixão que temos por essa profissão!

Jornalista Multifuncional
por: Elaine Tavares, jornalista

Lages, interior de Santa Catarina, dia de chuva torrencial. Meia dúzia de sindicalistas se coloca em frente ao portão do jornal Correio Lageano. Está um frio de rachar, mas os jornalistas insistem no ato público. Vieram de várias cidades do Estado para exigir da dona do jornal, Isabel Baggio, atual presidente do Sindicato das Empresas de Jornais e Revistas, que apareça para negociar, uma vez que estão em campanha salarial e os patrões se negam a ir para a mesa. O jornal fica próximo ao terminal de ônibus e as pessoas passam às dezenas. Observam os manifestantes com olhar curioso, ao que parece aquilo nunca aconteceu em Lages, médio município da serra catarinense. Com um megafone, Rubens Lunge, presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, conta para os moradores da cidade a vida dura de um jornalista. O povo olha desconfiado, afinal, é sempre comum no interior as pessoas ricas e influentes serem as depositárias da verdade. Isso incomoda demais a empresária que decide chamar todo mundo para uma conversa.

Dentro do jornal ela aparece, um pouco tensa, e insiste que não havia a necessidade de ninguém se "abalar" desde a capital para um ato como aquele. Mas os jornalistas que ali estão sabem que sim, era preciso. O Correio Lageano é um jornal do interior em nada diferente dos demais jornais do Estado, boa parte deles de um dono só, os Sirotski, que já formam um oligopólio em Santa Catarina. Ainda fora das presas da família gaúcha, o jornal de Isabel, tal como os outros, segue os maus exemplos da mega empresa. Do grupo de jornalistas que atua no jornal, poucos deles recebem o piso da categoria, mesmo os que estão registrados como repórter. Outros estão expostos a subterfúgios como o de serem registrados em outras funções. Muitos não têm registro. Agora, em pleno mês da data-base, os jornalistas dos médios e pequenos jornais, como este da presidente do sindicato patronal, também devem entrar na ciranda pós-moderna, que faz a cabeça de 10 entre 10 empresários da comunicação, muito bem amparados no incensamento histérico de boa parte do professorado nacional da área do jornalismo: a idéia do jornalista multifuncional. Palavra bonita e "moderna" que nada mais é do que a velha idéia da superexploração do trabalhador. Não contentes em sugar a mais-valia dos seus jornalistas com salários de fome, os empresários agora demandam que eles sigam as exigências de seu tempo: a flexibilidade, a rapidez e a portabilidade (arg!).

E o que é esta coisa de multifuncionalidade?

Qualquer pessoa mais ou menos ligada nas coisas do seu tempo sabe que estas palavras são fluentes na forma societal conhecida como neoliberalismo e que muito estrago provocou no mundo, na década de 90 do século passado. Mas, como cabe a um país colonizado, ainda estamos vivenciando isso aqui no Brasil.

A história da rapidez está associada ao tempo presente, cujo advento das novas tecnologias exige um profissional capaz de informar com mais agilidade sobre o que acontece. A histeria sobre o jornalista é a de concorrer com os blogueiros. Dizem os "especialistas" em comunicação que a internet e os blogs são espaços de informação muito rápida. Um blogueiro pode postar centenas de informações sobre um determinado fato tendo apenas um celular. E isso leva à exigência de que o jornalista também tenha de ter um celular conectado à internet para postar tantas informações quanto um blogueiro qualquer, mesmo que esse blogueiro apenas coloque a informação crua, sem qualquer interpretação ou análise, coisa típica do jornalismo. Assim, as empresas entregam um celular ao funcionário e querem que ele fique colocando informações em vez de centrar-se no fato que está presenciando para, depois, com calma, fazer uma boa análise. Ou seja, acreditar que o jornalista deve concorrer com o blogueiro nada mais é do que diminuir o jornalismo.

Já a flexibilidade é uma linda palavra para coisas tão antigas e feias quanto o sistema capitalista: perda de direitos e superexploração. Em nome da "modernidade" dos tempos de novas tecnologias as empresas querem que os trabalhadores aceitem serem levados para lá e para cá, sem quebrar. Então, exigem que o jornalista contratado como repórter passe a fotografar, faça filminho para colocar na internet, dirija o carro da empresa, poste no twitter, alimente o blog do jornal ou da TV e, se bobear, varra o chão. Ah, e é bom que se diga, tudo isso tem de ser feito dentro do horário de sete horas, que é o tempo praticado por quase todos os meios de comunicação, apesar da carga horária legal ser de cinco horas. A flexibilidade se configura no fato de que ele exerce todas essas funções, mas ganha por uma só. "É a modernidade". Além de tudo isso, como no geral as empresas estão entrando na onda de ter também blogs, twitteres e portais, o profissional é "convidado" a contribuir nos demais veículos. Ou seja, cumpre várias funções e ainda trabalha para vários veículos, sem qualquer mudança no salário. Não tem choro, ou o jornalista aceita, ou a porta da rua é serventia da casa. Tem milhões lá fora esperando para entrar, dizem os patrões. E, assim, a servidão voluntária, tão bem descrita por Etienne de La Boétie[1], em 1552, nunca foi tão popular.

Por isso, causa profundo pesar observar a alegria com que muitos jovens jornalistas se submetem a esta quase escravidão, acreditando que com isso estão aprendendo e tornando-se mais "modernos". Como sindicalista tenho ouvido relatos de deixar qualquer um de cabelo em pé, como a "acusação" de que o sindicato não deveria se meter em questões "tão pequenas" como, por exemplo, denunciar o fato de um profissional, contratado como fotógrafo, escrever matérias de vez em quando, sempre que o veículo precisar. No mais das vezes, os jovens jornalistas se colocam na pele do dono ou dona do jornal e acreditam que eles têm mesmo muita dificuldade de manter o negócio e que por isso, "não custa nada" ajudar. Mesmo que esse "coitado" seja o dono de um oligopólio, como é o caso da RBS no sul do Brasil.

A terceira palavra que define a multifuncionalidade é a tal da portabilidade. Assim, o jornalista começa a ser comparado com um aparelho de celular. Nestes, a portabilidade significa que a pessoa que tem um celular pode usar o chip de qualquer operadora, não ficando "prisioneira" de nenhuma empresa. Percebem a violenta crueldade do conceito? Se ele se fixa na nova exigência colocada ao jornalista, fica parecendo que o jornalista, tal e qual o aparelho de celular, também é livre (o celular igualmente não é!). Ele pode transitar de uma função para outra sem qualquer amarra legal, assim como transita entre as variadas empresas do mesmo dono. Tão absolutamente libertador quanto fumar Malboro ou andar de Honda. E os profissionais se encantam com esta possibilidade, sem perceber que a única liberdade de que são portadores, é a de ser explorado com alegria.

A tecnologia existe para o homem e não o homem para a tecnologia

Sempre me encantou uma frase de Jesus ao povo, quando questionado pelo fato de que fazia curas aos sábados, descumprindo, assim, a lei judaica. O galileu(*), com a tranqüilidade dos sábios, sentenciou: a lei existe para o homem e não o homem para lei, deixando claro que um homem verdadeiramente livre subverte aquilo que o oprime. Assim, penso, deve ser a tecnologia. Como qualquer jornalista moderno gosto demais destas novidades tecnológicas que permitem a rápida circulação das informações. Fotos postadas no twitter, pequenos textos circulando nos blogs, celulares ultra mega powers etc. Mas há uma coisa básica nisso tudo que precisa ser problematizada. Informação não quer dizer jornalismo, necessariamente. Posso postar no twitter que a cidade de Florianópolis está alagada neste momento. E mostrar fotos dos alagamentos etc.

Mas, estes pequenos textos informativos não dão conta da atmosfera totalizante do fato. E o jornalismo é isso. Na singularidade de um fato dado, aquele que narra precisa transitar pelo particular e atingir o universal, tal qual ensinava o mestre Adelmo Genro Filho. Por que a cidade alagou? Quais os motivos que levaram este bairro alagar e não o outro? Como agiu a defesa civil? Por que estes fatos se repetem, sempre nos mesmos lugares? Quais as conseqüências para os atingidos? Enfim, toda a sorte de interpretações da realidade que precisa ser feita por alguém com olhar aguçado, capaz de perguntar e observar, sem se desviar por ter de carregar a bateria da câmera, ou filmar, ou fotografar e postar em tempo real, e twittar e coisa e tal. Um jornalista é uma pessoa que apreende a totalidade do fato, não é um doidivanas carregado de toda a sorte de "portabilidades" que afugentam a atenção para o que é verdadeiramente profundo. Isso me faz lembrar o exemplo de um repórter fotográfico de conhecido jornal local que, obrigado a cumprir a função de motorista, ao se deparar com um fato em movimento, desceu do carro correndo e esqueceu-se de puxar o freio de mão. Lá se foi o carro ladeira abaixo. Nesse caso, venceu o jornalista e sua visão de agente público de informação. Mas, quantos se lixariam para o carro correndo rua afora? Quantos não voltariam, salvariam o carro da empresa e perderiam a foto? Por isso, repórter-fotográfico precisa estar livre para olhar e capturar o instante. Não pode ficar prisioneiro de múltiplas funções.

Obviamente que reputo uma importância abissal aos blogueiros de plantão e a toda a sorte de gente que usa as novas tecnologias para repassar informação. Gosto de saber que tem milhares de seres por aí postando coisas, cenas, fotos, informações que, depois, reunidas por um bom jornalista que também viu os fatos, possam ser analisadas em profundidade, dando-se o devido destaque às causas e conseqüências, formando a grande e quente colcha da totalidade que cobrirá o leitor na sua inteireza.

Pesquisas do IBGE dão conta de que o Brasil está vivendo um drástico problema. Os estudantes, e as pessoas em geral, estão perdendo a capacidade de interpretar um texto. Ou seja, as pessoas lêem a informação, mas não conseguem desdobrá-la, compreendê-la na totalidade. Isso não é conversinha de "esquerdista" ou de jornalistas "dinossauro". São os fatos. Pesquisas sérias de institutos sérios. Por conta disso, insistir em centrar foco na mera reprodução desenfreada de informação é desserviço.

É certo que não se pode pedir ao empresariado da comunicação brasileira - que vê o leitor/espectador como cidadão-cliente, como mero consumidor de um produto - que se preocupe com o nível de compreensão da realidade do povo. Eles estão se lixando para isso. Querem vender jornal, querem vender anúncio e fortalecer a mais-valia ideológica que mantém as gentes vinculadas ao sistema produtivo mesmo quando estão em casa, supostamente descansando, vendo TV. Nosso alvo tem de ser então os jornalistas.

São eles os que precisam compreender o que é, efetivamente, o jornalismo. Serviço público, espaço de compreensão totalizante do real. Não é papel do jornalismo concorrer com a rapidez internética. Basta a gente se lembrar do tempo dos infográficos, recordam? Os jornais queriam concorrer com a velocidade da televisão e enchiam suas páginas com infográficos descontextualizados. Mostravam muito bem como tinha sido a coisa, mas não explicavam os porquês. Era a superficialidade da TV transformada em papel. Virou febre, mas não durou muito. Assim, penso deverá acontecer com a tal da multifuncionalidade. Será uma febre, e vai passar. Jornalistas que faz cinco coisas ao mesmo tempo às fará todas muito mal feitas.

Leitor não é Homer Simpson

É certo que para o dono do jornal, amparado na razão capitalista, será uma dádiva ter um profissional que ganha por um e trabalha por cinco, nos seus diversos veículos. Mas, mesmo eles, ao compreenderem os mais rudimentares preceitos do capitalismo, verão que o tal do leitor, que eles consideram cliente, vai acabar percebendo a má-qualidade. Porque leitor não é "Homer Simpson" como já alegou William Bonner. E, igualmente, os trabalhadores, que hoje se submetem à servidão voluntária, acreditando que com isso estão garantindo emprego ou coisa assim, também terminarão percebendo que a flexibilidade, a rapidez e a portabilidade da multifuncionalidade só os deixam doentes, e não lhes garantem o emprego. Porque, no mais das vezes, quando uma "peça" do sistema falha , ela é substituída por outra, mais novinha e ávida por ser a "mais veloz".

A nós, que atuamos na luta sindical, cabe desvelar as mentiras escondidas sob o manto da nova onda e organizar as batalhas coletivas dos trabalhadores escravizados pela reestruturação produtiva do capital. A tecnologia, os novos e modernos instrumentos de trabalho devem sim ser conhecidos e dominados por todos os jornalistas, mas, trabalhando numa empresa, não temos de ser obrigados a fazer tudo o que a tecnologia permite. Lembrem do nazareno e sua verdade incontestável: as novas tecnologias, que são conquistas de toda a gente, porque se derivam do trabalho socialmente produzido, são muito boas e muito legais. Mas elas foram feitas para nos libertar e não para nos escravizar. Ser multifuncional não é coisa de hoje. Somos profissionais, pais, irmãos, amigos, filhos, colecionamos coisas, praticamos esportes, fazemos artesanato, enfim, atuamos em várias frentes.

O perigo da tal multifucionalidade só aparece quando ela se transforma numa bola de ferro no nosso pé, a serviço do lucro de alguém. Como dizem os povos de fala hispânica: "¡Ojo!" O que na nossa língua mãe significa nada mais do que "olho vivo, meu irmão!" Não caia no conto do patrão. Ele toma champanhe em Paris enquanto tu esperas no posto de saúde, acometido de LER, estresse crônico ou depressão. E, mais tarde, vem a demissão!"...

Nota:

[1] Etienne De La Boétie. Discurso da Servidão Voluntária. Editora Brasiliense. São Paulo, 1982. Vale a pena ler. O texto é curto e de uma contundência atroz.

(*)NdE: Refere-se a Jesus de Nazaré.

O texto foi extraído do site Adital - Notícias da América Latina e Caribe.
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=47958