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sexta-feira, 11 de julho de 2014

As negociações da Copa


Desde terça-feira (08/07/2014), quando a seleção brasileira foi nocauteada pela brilhante Alemanha por estupendos 7x1, começou na internet uma chuva de “descobertas” sobre as negociações da Copa. A seleção Brasileira, a CBF ou seus dirigentes, sei lá, teriam sido comprados pela Fifa para perder o jogo contra a Alemanha. Chocados com a decisão, os jogadores entraram em campo em estado de choque e perderam o rumo da bola. Está certo, também não digeri aqueles sete gols que a Alemanha nos enfiou goela abaixo. Difícil acreditar que, por pior que a seleção canarinho estivesse jogando, seria capaz de tomar uma goleada por inércia, por incompetência, afinal “eu sou brasileiro e não desisto jamais” é o jargão que corre em 10 entre 10 brasileiros, como desistiríamos assim, no meio da Copa?

Após tamanho vexame (vexame sim, vexame no sentido de vergonha, pois ninguém espera uma derrota tão massacrada), pipocaram na internet comentários sobre a venda da Copa para a Fifa. Até um texto que já havia circulado em anos anteriores, ressurgiu com os nomes trocados e a autoria de um homem que jura nunca ter escrito tal texto. “Tive a infelicidade de trabalhar com o outlook com a minha assinatura e acabou indo com o meu nome quando repassei”, disse Gunther Schweitzer que enviou o tal texto após tê-lo recebido em 1998, sobre a Copa daquele ano.

Ora, ora, essa história de dizer que a Copa havia sido vendida (ou comprada como preferem alguns), já estava na garganta de muita gente disposta a apagar o brilhantismo de um evento que reúne o maior número de nações com o mesmo objetivo: ser o melhor. Se o Brasil chegasse às finais e, se por ventura, se tornasse hexacampeão, o título teria sido comprado para abafar o mensalão, livrar políticos corruptos da cadeia, reeleger a Dilma ou sei lá mais o quê. Como perdeu, também foi comprada, só que em favor de outro. Quem? Alemanha? Argentina?

Há quem diga que a Copa 2014 é da Argentina porque hoje são eles que estão em crise, assim, como disseram ter sido do Brasil na Copa de 70. Então Copa é sinônimo de alento para países que administram mal seus recursos financeiros, que não conseguem administrar seus problemas internos? Ou seria mesmo a nova versão de panis et circenses?

Não entendo muito de futebol, muito menos das negociações que correm na realização de uma Copa, nem como ocorre a liberação para venda de ingressos ou os bônus aos jogadores que participam da Copa, ou mesmo sobre os escândalos da Fifa. Mas sei que sou brasileira e que o Brasil estará disputando amanhã (12/07/2014) a vaga de terceiro melhor do mundo contra a Holanda, outra grande seleção que vem crescendo a cada Copa. E como brasileira que sou, entristecida com a última derrota, com aquele 7x1 ainda piscando na minha frente, estarei torcendo para que a nossa seleção possa reerguer a cabeça com uma vitória e um honroso terceiro lugar. Mas também sei que não podemos ganhar sempre, portanto, se mais uma derrota surgir, que sirva para reflexão. Eu continuarei torcendo sempre para a nossa seleção assim como torço para que nós, brasileiros, tenhamos essa mesma paixão, em outubro, quando escolheremos através do voto a seleção que irá nos representar no país.

texto: Wania Ressutti

foto: Chico Batata/Agecom/Portal da Copa