Foto: Reginaldo Barbosa |
Depois de uma longa viagem, o Almanaque Brasil desembarcou sob 33 graus no Aeroporto Internacional de Porto Velho – Governador Jorge Teixeira, em Rondônia. Nosso destino: o pôr do sol às margens do Rio Madeira.
Jader, taxista rondoniense, nos indicou um restaurante onde pudemos conhecer, e claro, experimentar um dos pratos típicos da região: o grelhado de dourado (peixe de água doce que pode chegar a 20 quilos) com pirão, farinha d’água e pimenta de cheiro.
A cidade de Porto Velho, que há um ano tinha uma população de 426 mil habitantes, segundo os dados de 2010 do IBGE, está aprendendo, ou ao menos tentando aprender, a conviver com os mais de 40 mil novos habitantes contratados para as Usinas Hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau, respectivamente há 10 e 150 quilômetros da capital.
A construção das usinas do Complexo do Rio Madeira impulsionou a economia e o turismo na região, dando visibilidade a um estado esquecido pelos grandes centros do País. Porto Velho está redescobrindo suas riquezas e a força da cultura local, baseada na mistura entre os milhares de brasileiros que viram e veem em Rondônia o Eldorado brasileiro.
Durante a passagem por Porto Velho, o Almanaque visitou quatro pontos turísticos importantes da cidade, que oferecem o agradável sabor da Amazônia.
Mercado Municipal de Porto Velho
Apesar de muito simples, o mercado guarda grandes delícias da região amazônica, produtos com sabores únicos que só encontramos lá. Frutas, peixes, ervas, misturas, tudo comercializado por ilustres personagens com muita história para contar.
Conhecemos Akita, filho de japoneses que vieram ao Brasil após a Segunda Guerra Mundial. Nascido e criado em Rondônia, o nissei é dono de uma banca com produtos curiosíssimos, que vão de castanha do Pará a compostos de catuaba para finalidades sexuais.
No passeio, conhecemos também o Francisco do Cupuaçu, famoso por ter os maiores frutos da região. “O meu cupuaçu é tão doce que você pode fazer geleia, suco, polpa, o que você quiser”, garante o comerciante.
Estação Porto Velho da Estrada de Ferro Madeira Mamoré
Foto: Wania Ressutti |
Chamada de Ferrovia do Diabo, a Estrada de Ferro vitimou milhares de trabalhadores que tentaram a sorte na região ao trabalhar para a construção dos trilhos do trem. Quando foi inaugurada, a EFMM já não tinha mais serventia à indústria da borracha. O Brasil perdia feio na produção de látex contra as seringas plantadas pelos ingleses na Malásia. Confira a história num texto do Almanaque sobre a Ferrovia do Diabo.
Para guardar as lembranças amargas daquela época, a Estação mantém o Museu da EFMM. Os objetos expostos contam a história de um marco importante do ciclo da borracha, e os prédios foram restaurados com a mesma arquitetura da época do funcionamento da ferrovia.
Rio Madeira
Foto: Wania Ressutti |
Ao som de Valdik Soriano, que ecoava de um dos barcos, pudemos seguir para um dos mirantes do rio e tomar um caldo de tacacá, iguaria da região amazônica brasileira composta por tucupi (raiz da mandioca), jambu (erva típica com poder de adormecer a língua e os lábios), camarão salgado e goma de mandioca.
A paisagem é surpreendente. Por causa da beleza do pôr do sol no horizonte do rio Madeira, Porto Velho é considerada a terra do Sol.
Mercado Cultural
Fotos de Visit Brasil/David Rego Jr |
Mas, em 1966, um incêndio de procedência nunca confirmada destruiu o prédio. Em 2009, o Mercado foi reinaugurado para fins culturais e rebatizado de Mercado Cultural.
O local tem um café muito agradável onde é possível se deliciar com uma tapioca de castanha do Pará. Enquanto isso, Elizeu Braga, rondoniense, conta histórias dos moradores mais antigos da cidade.
Ao Almanaque Brasil Elizeu contou sobre uma família de barbadianos (termo atribuído aos negros estrangeiros vindo do Caribe na década de 1930), que levou, além da forte influência no desenvolvimento econômico de Porto Velho, a presença cultural da família, que dura até os dias de hoje.
“Os Johnson chegaram em 1930 para trabalhar na construção da estrada e o senhor Norman Johnson, o patriarca, instalou a primeira central de linha telefônica em Porto Velho. O filho dele, Bubu Johnson, fundou o primeiro grupo de chorinho da região e é um dos melhores tocadores de violão de sete cordas da região Norte”.
Texto publicado no BRASIL: Almanaque de Cultura Popular.
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